O Alegre Casamento Russo (a imaginação completa o resto)
Escrever é fazer perene algo que no nosso interior é mutável
Numa festa (em que recinto? Com quantas pessoas?) cheia de danças mas sem cantigas, com instrumentos (que instrumentos? Que tipo de sons?) típicos da Rússia e muitos saltos no ar, dados ao som das melodias sem voz, dois jovens passam pelo processo da sua união pública, não antes de terem recebido no alto das suas cabeças, mas sem lhes tocarem num cabelo que fosse, duas coroas reais repletas de pedras preciosas e de cor dourada. Nessa altura, as coroas pairavam como se fossem luz sobre os seus encéfalos e pareciam voar, através do padrinho que as segurava no ar, trazendo todo este cenário uma sensação física de “altíssimo”, principalmente àqueles que podiam, de fora, observar este espectáculo. (que cara têm os noivos e os padrinhos?) Os em-processo-de-casamento, por seu lado, sentiam-se num misto de enamoramento, êxtase e reverência (Que fazem eles que demonstre este êxtase e reverência?), mas sem conseguirem distinguir os diversos estados pelos quais passavam, que ora se sucediam em sequência, ora se manifestavam em simutâneo.
Contudo, antes dessa maravilhosa experiência algo de essencial havia acontecido e contribuído para estas vivências tão especiais, tanto dos que se casavam como dos convidados, algo havia sucedido que tornara tudo o resto tão especial e vivo... No momento do “sim” de cada um dos que se uniam e chegada a vez do rapaz se pronunciar, depois de já a em-vias-de-casar ter jurado amor eterno a este, ouviu-se uma voz vinda da “plateia”:
- Como pode alguém no máximo do seu amor e juventude ser levado a simplesmente aquiescer, de olhos baixos, como se tivesse medo do futuro que agora prepara? Como ainda não se transformou esta forma de definir os futuros amorosos? (Quem é esta pessoa? Porque fala assim? Está bêbado? Tem ciúmes dos noivos? Odeia algum deles ou a comunidade em geral?)
O jovem que já, entretanto, havia dito um “sim” sumido à ideia de união com a futura esposa, ao escutar tudo isto, (O que é que os noivos sentem relativamente a esta invasão e falta de respeito? E os convidados, como reagiram eles?) e com os olhos postos no “alto” continuou:
- Meu amor, vejo-nos felizes, em longos anos de vida! Vejo-nos a mantermos o diálogo em diferentes alturas da nossa longa relação! Vejo-nos a crescer como indivíduos, como casal e socialmente! Vejo a nossa casa preenchida: de filhos, de beleza, de tudo o que é necessário à vida do corpo e das emoções, e, por isso, com amigos sempre presentes! Vejo-nos a dar as mãos sempre que as dúvidas, um mistério ou o inimaginável se depara connosco! Vejo o amor!... (Qual a reação do público a isto?)
E foi, assim, que, primeiro na Rússia e depois um pouco por todo o lado, se começou a esperar mais do que um “sim”... Se observarmos bem um casamento, ainda hoje, e nesse momento veremos nos olhares de quem o assiste um olhar de espera pela revelação da própria vida pelo indivíduo.
Ah, e claro, o casal da nossa estória, ao tecer esta profecia para si confirmou-a ao longo da sua vida. E assim é, sempre que repleto de amor, exaltação e reverência um ser está e usa esse momento para determinar uma vida!
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